Tradusa 2019 – Lições para a mente e alma do tradutor

Arthur Dias

Entre todos os eventos de tradução de que já participei, o TRADUSA – Encontro Brasileiro de Tradutores Especializados na Área da Saúde tem um lugar especial no meu coração. Ele toma a posição de favorito por um motivo profissional – é um evento focado em uma das áreas em que mais trabalho – e por alguns motivos pessoais, como ter sido o primeiro evento de que participei e por ter sido idealizado pela Cátia Santana, que foi minha colega de agência no primeiro trabalho na área.

A edição de 2019, porém, se tornou ainda mais especial: foi nela que fiz minha estreia como palestrante. Tive o prazer e a honra de falar sobre tecnologia e inovação na área da saúde e apresentar alguns dos termos dessa intersecção, como data-driven e health techs. Foi uma excelente experiência poder compartilhar alguns dos conhecimentos adquiridos no trabalho com colegas.

Como sempre, o evento foi recheado de conteúdo. Começamos cedo no primeiro dia com uma aula de Bruno Eric dos Santos, “Desmistificando a terminologia médica: dissecando os termos greco-latinos”, explorando a composição das palavras e demonstrando como o conhecimento de prefixos e sufixos específicos é uma ferramenta essencial.

O evento contou com excelentes palestras na área da saúde mental, algo que em minha opinião foi um grande destaque do evento. Tivemos Karin Alencar Pereira com a palestra “Entrevista psiquiátrica: exame do estado mental e alterações psicopatológicas” e Cristiano Mazzei falando sobre “Interpretação simultânea no contexto de saúde mental”, que deram uma boa visão do tema tanto para tradutores quanto para intérpretes.

O tema da saúde mental retornou no segundo dia do evento, mas desta vez falando sobre a saúde do tradutor. Na palestra final, apresentada por Denise Bobadilha e Angela Zarate Bandeira, “Trauma vicário e o profissional da tradução na área da saúde”, houve uma conversa muito interessante sobre como lidar com trabalhos que envolvem temas pesados e com grande carga emocional, com bastante participação do público. Outra palestra que tratou da saúde do próprio profissional foi “A saúde dos olhos do tradutor”, de Isabel Vidigal. Palestra que aliás foi bastante prática, com dicas e exercícios para cuidar dos olhos, instrumentos tão essenciais ao nosso ofício.

Outro tópico muito importante e que está sempre presente nas edições do TRADUSA foi a questão da preparação de tradutores e intérpretes da área. No primeiro dia, esse tópico foi abordado por Luciana Bonancio com a excelente palestra “Assisti House. Estou pronto para traduzir!” (Spoiler: não, não está). No segundo dia, a conversa foi mais voltada aos intérpretes: Melissa Mann apresentou “Como se preparar para interpretar num evento médico?”.

A atenção dedicada à interpretação foi um ponto de destaque para mim, por ser meu principal foco de atuação profissional. Além das palestras de Cristiano e Melissa que foram focadas em intérpretes, o TRADUSA também teve o minicurso “Diferentes modalidades de eventos em ciências da saúde”, ministrado por Lívia Cais e Cecília Tsukamoto do Coletivo Intérpretes, e a mesa-redonda “Evolução dos eventos médicos no tempo”, com a participação da APIC (Associação Profissional de Intérpretes de Conferência) representada por Andrea Negreda, Maria Clara Forbes Kneese, Lívia Cais e Larissa Benevides.

O evento também fez algo que vem se tornando cada vez mais comum em eventos de tradução: disponibilizou uma cabine de interpretação para que estudantes de interpretação e intérpretes novatos tivessem a chance de praticar, tendo a chance de compartilhar a tarefa colegas mais experientes e receber feedback deles. A atividade foi coordenada por Patrícia Gimenez, e eu tive o prazer de participar tanto ouvindo e analisando colegas como entrando na cabine para auxiliar. Deixo o conselho para aqueles que estão começando (ou querendo começar) no mundo da interpretação: não deixem essas oportunidades passarem. É uma chance de adquirir horas de voo, conhecer copilotos mais experientes e, de quebra, ouvir conselhos impagáveis.

Além de todo o conteúdo e conhecimento, o TRADUSA também foi excelente para rever amigos, conhecer novos colegas e confraternizar. Dou meus sinceros parabéns à Cátia Santana e a toda a organização por esse evento tão rico e prazeroso, e fico com uma certeza: de todos os eventos que não pudemos ter em 2020, o TRADUSA foi o que mais me fez falta.

Intérprete de conferências e tradutor nos idiomas português (A), inglês (B) e espanhol (C), Arthur Dias fez sua formação na Brasillis Idiomas e se tornou bacharel em tradução e interpretação pela Uninove. Adicionalmente, participou de cursos avançados de interpretação de conferências, como HiTT, EPICourse, EPICMed e BoothCamp. Atuando na profissão desde 2011, especializou-se nas áreas da saúde, farmacêutica, medicina, tecnologia, inovação e comunicação. Ao longo dos anos, participou de conferências, congressos, viagens nacionais, missões internacionais, auditorias e negociações.

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