TRADUSA 2016 – II Encontro Brasileiro de Tradutores Especializados na Área da Saúde

Anna Barbosa
Realizado no Instituto Phorte, no tradicional bairro do Bixiga, em São Paulo, o encontro reuniu cerca de 120 participantes. Tradutores iniciantes, experientes, muito experientes e referência no mercado, todos curiosos e cheios de informações para dar e receber. Intérpretes de vários idiomas compartilhando suas experiências em congressos, reuniões, intermediações com refugiados e pacientes em ambiente hospitalar. Parecíamos bactérias numa placa de Petri, tal a velocidade com que as informações eram reproduzidas, especialmente durante os intervalos!

A sexta-feira começou com oficinas. Fomos todos para nossas salas e tivemos momentos de aprendizado, perguntas e respostas, e mão na massa. Participei da oficina de versão português-inglês, facilitada pela tradutora e revisora Tracy Smith Miyake. Fomos desafiados tanto a verter textos como a corrigir versões, e os neurônios ferveram. Recebemos muitos links e dicas de materiais para melhorar a qualidade da nossa produção.

A tarde foi de palestras. A Val Ivonica explicou as vantagens e desvantagens de usar tradução automática, e como o trabalho é facilitado pelo controle e padronização da memória que criamos. Em seguida aprendemos com a Beatriz Araújo um pouco mais sobre o funcionamento da Anvisa e como a agência supervisiona a fabricação e comercialização de medicamentos, alimentos, cosméticos, correlatos, agrotóxicos e outros produtos voltados para saúde e estabelece regras para a documentação destes (que nós traduzimos/interpretamos). A Adriana Dominici trouxe um novo olhar sobre a confecção de bulas e seu entendimento pelos pacientes, e comparou as bulas brasileiras com as bulas alemãs: aprendemos que a linguagem e a abordagem são bastante diferentes, de acordo com as leis vigentes em cada país. A tarde terminou com dicas valiosíssimas oferecidas pelas experientes intérpretes do grupo COLETIVO: Cecília Tsukamoto, Daniele Fonseca, Lívia Cais e Suzana Gontijo. Ficamos sabendo o que é mais importante na preparação para um evento de interpretação simultânea ou consecutiva na área médica: tudo! O dia terminou com muita animação: colegas que só se conheciam pelas redes sociais se conheceram pessoalmente, trocamos cartões e histórias, e saímos preparados para mais um dia muito estimulante.

A oficina de interpretação médica oferecida pela Patrícia Gimenez no sábado de manhã foi muito esclarecedora. Ela detalhou as atividades desempenhadas pelo intérprete médico, a qualificação necessária, os códigos de ética e os esquemas de trabalho adotados. Os participantes fizeram muitas perguntas, e exploramos cenários diversos.

A palestra da Ana Julia Perrotti-Garcia abriu a tarde de sábado. Através de exemplos concretos, ela apresentou um panorama de terminologia e frases com diferentes níveis de formalidade e contexto usados nos textos produzidos na área médica. As dicas de uso de glossários e livros específicos foram valiosíssimas! O técnico em radiologia William Jacob de Lima apresentou os Estudos Especializados em Diagnóstico por Imagem, e explicou os prós e os contras de cada um dos métodos que utiliza radiação ionizante, com seus principais usos na atualidade. Considerando o momento atual de migração global, a Andresa Medeiros expôs o panorama da mediação tradutória entre migrantes e instituições de saúde, ressaltando a importância dos intérpretes. Agindo como mediadores, eles possibilitam ao migrante o empoderamento e integração à cultura e serviços no país que os acolhe. Admirável o trabalho realizado por estes colegas, que dão voz àqueles que ainda não conhecem o nosso idioma e assim garantem melhores condições de saúde e vida para eles!

Ao final de cada palestra a plateia foi contemplada com o sorteio de diversos brindes. Foi minha primeira participação no Tradusa, e considero que o evento foi organizado com cuidado e atenção aos detalhes, terminando com muito sucesso. Que venha o próximo!

Anna Barbosa, formada em Química, trabalha exclusivamente como freelancer na área das Ciências da Vida há cinco anos. Tem formação como intérprete de conferências e trabalha como intérprete e tradutora há mais de 20 anos. Estudou, morou e trabalhou pelo Brasil e pelo continente africano e tem experiência de trabalho diversificada. Adora viajar, estudar, aprender e empreender.

Resenha publicada originalmente no blog da ATA PLD
publicação original: http://www.ata-divisions.org/PLD/index.php/2016/04/27/tradusa-2016-ii-encontro-brasileiro-de-tradutores-especializados-na-area-da-saude/

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